Trecho do filme
"Barravento", de Glauber Rocha (1962). Os pescadores de uma
comunidade da praia de Buraquinho (Itapoan, Salvador, Bahia) realizam a puxada
de rede do xaréu.
A
História
A Puxada
de Rede, era a atividade pesqueira dos
negros recém-libertos, que encontraram na pesca do “xaréu” uma forma de
sobreviverem, seja no comércio, seja para seu próprio sustento. Nos meses
decorrentes entre outubro e abril, esses peixes procuravam as águas quentes do
litoral nordestino afim de procriarem. Então era a época certa para lançarem a
rede ao mar.
Era uma atividade muito laboriosa. Exigia-se um
esforço tremendo e um número muito grande de homens para a tarefa. Os
pescadores iam para o mar de madrugada ou às vezes até à noite, para lançar a
enorme rede, para só então de manhã puxarem. A puxada da rede era acompanhada
de cânticos na maioria em ritmo triste que representavam o labor e a
dificuldade da vida daqueles que tiram o seu sustento do mar.
Além dos cânticos, os atabaques e as batidas
sincronizadas dos pés davam o ritmo para que os homens não desanimassem e
continuassem a puxar a enorme rede, o que paradoxalmente dava um ar de ritual e
beleza àquela atividade. Quando enfim terminavam de puxar a rede, eram entoados
cânticos em agradecimento à pescaria e o peixe era partilhado entre os
pescadores e começava o festejo em comemoração.
A Lenda
Alguns contam que o ritual da Puxada de Rede
começou com uma lenda.
Um pescador saiu à noite para pescar com seus
companheiros, como de costume e apesar da advertência de sua mulher que o
repreendeu acerca dos perigos de se entrar em alto mar à noite, se embrenhou na
imensa escuridão do mar negro da noite, levando consigo apenas um a imagem de
Nossa Senhora dos Navegantes. Sua esposa pressentindo algo ruim, foi para a
beira da praia esperar o regresso do marido. Quando esta menos esperava se
surpreendeu com a visão dos pescadores voltando do mar muito antes do horário
previsto. Todos os pescadores voltaram com exceção do seu marido que por
descuido havia caído no mar e como estava escuro nada puderam fazer. A recém
viúva cai em prantos. De manhã os pescadores ao puxarem a rede percebem que
estava muito pesada para uma pescaria ruim e ao terminarem de puxar a rede vêem
o corpo do companheiro junto aos poucos peixes que pescaram. Os companheiros
então carregam o corpo do pescador nos ombros em procissão, pois não tem
dinheiro o suficiente para pagar uma urna e fazer um enterro digno.
Hoje
E foi assim que mesmo após a pesca do xaréu, quase se extiguir, que a Puxada de Rede se tornou parte do folclore brasileiro. Hoje a Puxada de Rede como manifestação folclórica é encenada nas praias de Armação, Carimbamba e Chega Nego. Todas na Bahia. Durante a festa trabalham 126 homens, sendo 3 com funções especiais que são respectivamente, chefe, chefe de mar e chefe de terra, os outros 123 tem funções como catadores, homens de mar e homens de terra. São necessários 5 meses para a confecção da rede e mais de um kilometro de corda. Durante a encenação são entoados cantigas escravas como no tempo dos antepassados
E foi assim que mesmo após a pesca do xaréu, quase se extiguir, que a Puxada de Rede se tornou parte do folclore brasileiro. Hoje a Puxada de Rede como manifestação folclórica é encenada nas praias de Armação, Carimbamba e Chega Nego. Todas na Bahia. Durante a festa trabalham 126 homens, sendo 3 com funções especiais que são respectivamente, chefe, chefe de mar e chefe de terra, os outros 123 tem funções como catadores, homens de mar e homens de terra. São necessários 5 meses para a confecção da rede e mais de um kilometro de corda. Durante a encenação são entoados cantigas escravas como no tempo dos antepassados
Muitos grupos de Capoeira também, apresentam o
ritual da Puxada de Rede, assim como o Maculelê, preservando assim, mais um
elemento importante da nossa cultura e principalmente evitando que caia no
esquecimento.