quarta-feira, 6 de julho de 2016

100 Cidades Africanas Destruídas Pelos Europeus



100 Cidades Africanas Destruídas Pelos Europeus

Postado em:  por: Mawuna Koutonin
 
PORQUE existem poucos edifícios históricos e monumentos na África subsaariana!
O motivo é simples. Os europeus destruíram a maior parte. Só nos restam os desenhos e descrições de viajantes que visitaram os lugares antes das destruições. Em alguns lugares, ainda se podem ver ruínas. Muitas cidades foram abandonadas e viraram ruína quando os europeus trouxeram doenças exóticas (varíola e gripe) que começaram a se espalhar e matar gente. As ruínas dessas cidades ainda se encontram escondidas. De fato, a maior parte da história de África está ainda soterrada.
Neste artigo, vou compartilhar fragmentos de informação sobre África antes da chegada dos Europeus, as cidades destruídas e as lições que podemos aprender, enquanto africanos, para o futuro.
A coleta de fatos que dizem respeito ao estado das cidades africanas antes da sua destruição é feito por Robin Walker, um distinto pan-africanista e historiador, autor do livro ‘When We Ruled’ (Quando Governamos), e por PD Lawton, uma grande pan-africanista, que se prepara para lançar o livro “African Agenda” (A Agenda Africana).
Todas as citações e excertos neste artigo são dos livros de Robin Walker e PD Lawton. Recomendo comprar o livro de Walker ‘When We Ruled’ para uma história completa da beleza do continente antes da sua destruição. Pode obter mais informação sobre o trabalho de PD Lawton visitando o blog da autora: AfricanAgenda.net
Robin Walter e PD Lawton citam bastante outro grande pan-africanista, Walter Rodney que escreveu o livro ‘How Europe Underdeveloped Africa (Como a Europa subdesenvolveu a África). Mais informações no canal YouTube ‘dogons2k12 : African Historical Ruins’, e no trabalho da Fundação Ta Neter Foundation.
Muitos desenhos são do livro African Cities and Towns Before the European Conquest (Cidades Africanas Antes da Conquista Europeia) de Richard W. Hull, publicado em 1976. Só esse livro destrói a visão estereotípica dos africanos vivendo em aglomerações simples, primitivas e dispersas sem qualquer apreciação por planejamento e design.
De fato, no final do século 13 quando um viajante europeu encontrou a grande Cidade de Benin na África Ocidental (atual Nigéria, Estado de Edo), ele escreveu o seguinte:
“A cidade parece ser muito grande. Quando entramos, vimos uma larga avenida, não pavimentada, que parece ser sete ou oito vezes mais larga que a rua Warmoes em Amsterdã… O palácio real é um conjunto de edifícios que ocupam tanto espaço quanto a cidade de Harlem, e que está rodeado de muralhas. Existem numerosos aposentos para os ministros do Príncipe e belas galerias, a maioria delas tão grandes quanto as da bolsa de Amsterdã. São suportadas por pilares de madeira revestidos de cobre, onde as suas vitórias estão representadas, e que são cuidadosamente mantidos. A cidade é composta de trinta ruas principais, bem retas e com 36 metros de largura, além de uma infinidade de pequenas ruas transversais. As casas são próximas umas das outras, bem organizadas. Este povo não tem nada de inferior aos holandeses em termos de limpeza; lavam e esfregam suas casas tão bem que elas estão bem polidas e brilham como cristal.”[i]
Infelizmente, em 1897, a cidade de Benin foi destruída pelas forças britânicas sob as ordens doAlmirante Harry Rawson. A cidade foi saqueada, explodida e queimada. Uma coleção dos famososBronzes de Benin está agora no Museu Britânico de Londres. Parte dos 700 bronzes roubados pelas tropas britânicas foram vendidos à Nigeria em 1972.
Outra história da grande cidade de Benin que diz respeito às suas muralhas: “Elas se estendem por um total de 16 000 quilômetros, num mosaico de mais de 500 junções de assentamento. Cobrem 6500 quilômetros quadrados e foram todas construídas pelo povo Edo. No total, elas são quatro vezes mais longas que a Grande Muralha da China e consumiram cem vezes mais materiais que a Grande Pirâmide de Quéops. Levaram cerca de 150 milhões de horas de escavação para serem construídas, e são talvez o maior fenômeno arqueológico do planeta.”[ii]
Vista da cidade de Benin em 1891 antes da conquista britânica. H. Ling Roth, Grande Benin, reprodução Barnes and Noble. 1968.


Sabia que no século 14, a cidade de Timbuktu na África ocidental era cinco vezes maior que a cidade de Londres, e a mais rica do mundo?
Hoje, Timbuktu é 236 vezes menor que Londres. Nada tem de cidade moderna. A sua população é metade que cinco séculos atrás, empobrecida com pedintes e vendedores de rua. A cidade é incapaz de conservar seus monumentos e arquivos do passado.
De volta ao século 14, os três lugares mais ricos da terra eram a China, o Irã/Iraque, e o império do Mali na África ocidental. Dos três, o único que ainda era independente e prospero era o império do Mali. A China e todo o Oriente Médio tinham sido conquistados pelas tropas mongóis de Genghis Kan que arrasou, pilhou e estuprou os lugares.
O homem mais rico na história da humanidade, Mansa Musa, foi o imperador do império de Mali do século 14 que cobria os atuais Mali, Senegal, Gâmbia, e Guiné.
Quando morreu em 1331, Mansa Musa valia o equivalente a 400 bilhões de dólares. Nessa época o império de Mali produzia mais de metade do abastecimento mundial de sal e de ouro.
Em baixo algumas imagens do imperador Mansa Musa, o homem mais rico da história.


Quando Mansa Musa foi em peregrinação a Meca em 1324, levou e gastou tanto ouro, que o preço daquele metal caiu por 10 anos. 60 000 pessoas o acompanharam.
Foi fundador da biblioteca de Timbuktu, e os famosos manuscritos de Timbuktu que tratavam de todas as áreas de conhecimento foram escritos durante o seu reinado.
Testemunhas da grandeza do império do Mali vinham de todas as partes do globo. “Sergio Domian, um acadêmico de arte e arquitetura italiano, escreveu o seguinte sobre esse período: ‘Assim foi lançada a fundação da civilização urbana. Na época áurea do seu poder, Mali tinha pelo menos 400 cidades, e o interior do delta do rio Niger era densamente populoso.’
A cidade de Timbuktu no Mali tinha uma população de 115,000 no século 14 – 5 vezes mais que a Londres medieval.
O National Geographic descreveu recentemente Timbuktu como a Paris do mundo medieval, devido à sua cultura intelectual. De acordo com o Professor Henry Louis Gates, existiam na cidade 25,000 estudantes universitários.
“Muitas famílias antigas da África ocidental têm bibliotecas privadas com coleções de centenas de anos. As cidades mauritanas de Chinguetti e Oudane possuem um total de 3,450 livros medievais manuscritos. É possível que ainda existam cerca de 6,000 livros na cidade de Walata. Alguns datam do século oito. Existem 11,000 livros em coleções privadas no Niger.
Finalmente em Timbuktu, Mali, existem cerca de 700,000 livros que sobreviveram. Estão escritos em Mande, Suqi, Fulani, Timbuctu, e Sudani. Os conteúdos dos manuscritos incluem matemática, medicina, poesia, direito e astronomia. Este trabalho foi a primeira enciclopédia, no século 14, antes dos europeus terem a mesma ideia no século 18, 4 séculos depois.
Uma coleção de 1600 livros era considerada uma pequena biblioteca para um acadêmico da África ocidental no século 16. Existe registro do Professor Ahmed Baba de Timbuktu dizendo que possuía a menor biblioteca entre seus amigos – só tinha 1600 volumes.
Com respeito a estes velhos manuscritos, Michael Palin, na sua série de TV Sahara, disse que o Imam de Timbuktu “tem uma coleção de textos científicos que mostra claramente os planetas circulando em torno do Sol. Datam de centenas de anos . . . É prova convincente que os acadêmicos de Timbuktu sabiam mais que seus colegas europeus. No século 15 em Timbuktu os matemáticos conheciam a rotação dos planetas, detalhes do eclipse, coisas que tivemos de esperar 150 quase 200 anos para conhecer na Europa quando Galileu e Copérnico fizeram os mesmos cálculos e pagaram por isso.
A velha capital do Mali, capital de Niani possui um edifício do século 14 chamado Salão de Audiências. Sobreposto por uma cúpula e adornado de arabescos vivamente coloridos. As janelas do andar superior eram talhadas de madeira e emolduradas em prata; as do andar inferior eram talhadas de madeira e emolduradas em ouro.
Marinheiros do Mali chegaram às Américas em 1311, 181 anos antes de Colombo. O pesquisador egípcio Ibn Fadl Al-Umari, publicou o feito em cerca de 1342. No capitulo décimo do seu livro, existe um relato de duas grandes viagens marítimas ordenadas pelo predecessor de Mansa Musa, um rei que herdou o trono do Mali em 1312. Este rei marinheiro não é nomeado por Al-Umari, mas autores da atualidade identificam-no como Mansa Abubakari II.”[iii]
Esses acontecimentos aconteceram na mesma época que o continente europeu estava mergulhado nas trevas, destruído pela peste e pela fome, com seus povos se matando por motivos religiosos e étnicos.
Em baixo retratos da cidade de Timbuktu no século 19.

 PORQUE existem poucos edifícios históricos e monumentos na África subsaariana!

 Kumasi era a capital do Reino Axânti, séculos 10 a 20. Desenhos do cotidiano em Kumasi mostram casas, muitas de dois pisos, edifícios quadrangulares com telhados de palha e habitações familiares organizadas à volta de um pátio central. O complexo Palácio Manhyia em outro desenho era semelhante a um castelo normando, mas mais elegante em termos da sua arquitetura.
“Estas casas de 2 pisos com telhados de palha encontradas no Reino Axânti tinham estrutura de madeira e paredes construídas com ripas e rebocos. Havia sempre uma árvore nos pátios que era o centro do recinto familiar. A Árvore da Vida era o altar onde as famílias faziam oferendas ao Deus, Nyame. Uma panela de latão onde se guardavam as oferendas era colocada em um de seus ramos. Era assim em todos os pátios de todas as casas, templos e no palácio. Os oficiais, representantes do Rei, trabalhavam em edifícios abertos. O objetivo era que todos vissem o que estavam fazendo.
“As casas de Kumasi tinham banheiros no piso superior em 1817. A cidade oitocentista está documentada em desenhos e fotografias. Passeios e praças públicas, vidas cosmopolitas, arquitetura requintada, imaculada e organizada, uma abundância arquitetônica, histórica, prosperidade e uma forma de viver extremamente moderna”[i].
Winwood Reade descreveu a sua visita ao Palácio Real Axânti em Kumasi no ano de 1874: “Fomos ao palácio do rei, que consiste de muito pátios, todos cercados de quartos de dormir e varandas, e com dois portões ou portas, para que todos servissem de passagem . . . Mas a parte do palácio diante da rua era uma casa de pedra em estilo mourisco . . . com um teto raso e um parapeito e quartos suíte no primeiro piso. Foi construído muitos anos atrás por pedreiros Fanti. Os quartos de cima me lembram a rua Wardour. Cada um é uma perfeita loja de curiosidades antigas. Livros em várias línguas, vidros da Boêmia, relógios, pratos de prata, mobiliário antigo, tapetes persas, carpetes Kidderminster, quadros e gravuras, inúmeros baús e cofres. Uma espada com a inscrição ‘Da Raínha Vitória para o Rei de Axânti’. Uma cópia do The Times de 17 de Outubro de 1843. E junto com tudo isto muitos exemplares de trabalho manual mouro e axânti”[ii].

A bela cidade de Kumasi  foi destruída, consumida pelo fogo, e pilhada pelos britânicos no final do século 19.
Em baixo algumas imagens da cidade.


Vista do Aban e do complexo do Palácio Manhya antes da pilhagem e destruição pelo exército britânico.



Em 1331, Ibn Battouta, descreveu a cidade tanzaniana de Kilwa, dos Zanj, um povo de expressão Swahili, da seguinte forma: ”uma das mais belas e bem construídas cidades do mundo, um conjunto construído com elegância”. As ruínas completas com arcos ‘góticos’ e delicado trabalho em pedra, exemplos de uma arquitetura primorosa. Kilwa data do século 9 e atingiu seu auge nos séculos 13 e 14. Este porto africano internacional imprimiu sua própria moeda durante os séculos 11 a 14. Artefatos arqueológicos ligam a cidade a Espanha, China, Arábia e Índia. Os habitantes, arquitetos e fundadores da cidade não eram árabes e a única influência que os europeus ali tiveram, através dos portugueses, foi o inicio do declínio pela varíola e pela gripe.”[iii]
Em 1505 forças portuguesas destruíram e queimaram as cidades Swahili de Kilwa e Mombasa.
A imagem em baixo mostra a reconstrução feita por um artista, do palácio do sultão em Kilwa no século 15, seguida de fotografias das ruínas.






“Um mouro que morava em Espanha, chamado Al-Bakri questionou os mercadores que tinham visitado o império do Gana no século 11 e escreveu sobre o seu rei: “Senta-se para dar audiências ou para ouvir queixas contra oficiais, num pavilhão com cúpula, à volta do qual se veem dez cavalos cobertos de ouro. Atrás do rei, dez pajens com escudos e espadas decorados de ouro, e à sua direita, os filhos dos reis da sua nação vestidos esplendidamente com o cabelo revestido de ouro. O governador da cidade senta-se no chão diante do rei, e os ministros em seu torno. Na porta do pavilhão, cães de excelente pedigree que mal deixam o lugar onde está o rei, para guardá-lo. Nos seus pescoços, coleiras de ouro e prata com pregos dos mesmos metais”[iv].
Em baixo imagens do Império do Gana.



  
No século 15, quando os portugueses, os primeiro europeus que navegaram a costa atlântica de África: “chegaram na costa da Guiné e acostaram em Vaida, África Ocidental, os capitães ficaram surpreendidos ao ver ruas bem planejadas, ladeadas de árvores ao longo de muitos quilômetros, viajando durante dias através de campos magníficos, habitados por homens em ricas e coloridas vestimentas tecidas por eles próprios! Mais a sul, no reino do Congo(sic), uma vasta multidão vestida de finas sedas e veludos; grandes estados bem organizados, ao mínimo detalhe; governantes poderosos, indústrias florescendo – completamente civilizados. E a condição dos países da costa leste de Moçambique, por exemplo – era a mesma.”
O reino do Congo no século 15 era o epítome da organização política. Era “um estado em ascensão no século 15. Estava situado na região norte de Angola e do Congo ocidental. Pensa-se que a sua população fosse de cerca de 2 a 3 milhões de pessoas, uma estimativa conservadora. O país estava dividido em 6 províncias administrativas e um número de dependências. As províncias eram Mbamba, Mbata, Mpangu, Mpemba, Nsundi, e Soyo. As dependências incluíam Matari, Wamdo, Wembo e a província de Mbundu. Todas estavam sujeitas à autoridade do Mani Kongo (Rei). A capital do país (Mbanza Kongo), estava situada na província Mpemba. O baluarte militar ficava na província de Mbamba. Era possível alocar 400,000 a uma batalha.”[v]
Em baixo uma representação por Olfert Dapper, médico e escritor holandês, da cidade de Loango no século 17 (atual Congo/Angola) baseada em descrições do lugar por quem a tinha visto.


Representação da Cidade de Mbanza no Reino do Congo


O rei do Congo recebendo embaixadores holandeses, 1642, O. Dapper, “Description de l’Afrique  Traduite du Flamand” (1686)


Emissários portugueses recebidos pelo rei do Congo, final do século 16, Duarte Lopes, “Regnum Congo hoc est warhaffte und eigentliche, Congo in Africa” (Franckfort am Mayn, 1609)

Até ao final do século 16, a África era mais avançada que a Europa em termos de organização política, ciência, tecnologia, cultura. Essa prosperidade continuou, apesar da devassidão do tráfico europeu, até aos séculos 17 e 18.
O continente estava repleto de dezenas de cidades grandes e prósperas, impérios e reinos como os do rei Askia Toure de Songhay, rei Behanzin Hossu Bowelle do Benin, Imperador Menelik da Etiópia, rei Shaka ka Sezangakhona da África do Sul, rainha Nzinga de Angola, rainha Yaa Asantewaa do Gana, e rainha Amina da Nigéria.
Falamos aqui de impérios, reinos, reis, raínhas e imperadores, os homens mais ricos da história da humanidade.
E estes reis e rainhas dormiam em bananeiras no mato? Vestiam folhas de parra e andavam descalços?
Se não dormiam em árvores, não se cobriam de folhas, onde estão os vestígios de seus palácios, sua arte?
A cidade medieval de Benim, na atual Nigéria, foi construída a “uma escala comparável à Grande Muralha da China”. Tinha um vasto sistema de defesa com um total de 16 quilômetros. Mesmo antes da extensão da muralha se ter tornado evidente, o Guinness Book of Records publicou uma entrada na sua edição de 1974 que descrevia a cidade como: “A maior construção do mundo anterior à era mecânica.”[vi]
“A arte de Benim da Idade Média era da mais alta qualidade. Um oficial do museu berlinense Für Völkerkunde disse uma vez: “estes trabalhos de Benim igualam os melhores exemplos das técnicas de fundição europeias. Benvenuto Cellini não podia ter feito melhor, nem ninguém antes ou depois dele . . . Tecnicamente, estes bronzes representam o melhor avanço possível em fundição.”
No meio do século 19, William Clarke, um visitante inglês na Nigéria, afirmou que: “A melhor vestimenta entre todos os povos é fabricada pelos tecelões Yoruba . . . em termos de durabilidade, seus tecidos superam os fabricados e os manufaturados em Manchester.”
A recente descoberta da cidade nigeriana de Eredo, datada do século 9, provou que ela era cercada de uma muralha de mais de um quilometro e meio e com mais de 20 metros de altura em alguns pontos. A área interior tinha cerca de 640 quilômetros quadrados.”[vii]
A cidade de Loango na área de Congo/Angola é mostrada em outro desenho datado de meados de século 17. Novamente vemos uma cidade vasta e planejada, em linha retas, estendendo-se por vários quilômetros e completamente cercada de muralhas, repleta de movimento comercial. Só o complexo onde o rei habitava era um edifício de quase 2 quilômetros e meio, com pátios e jardins. O povo de Loango usava a matemática não apenas por razões aritméticas mas também para cálculos astrológicos. Usavam matemática avançada, álgebra linear. O Osso Ishango do Congo é uma calculadora com 25 000 anos de idade. “As chamadas inscrições do Osso Ishango consistem de duas colunas de números ímpares que somam 60, com a coluna esquerda contendo números primos entre 10 e 20 e a coluna direita contendo números de soma e diminuição.”[viii]
A bela cidade de Loango foi destruída por caçadores de fortuna europeus, pseudo missionários e outros tipos de saqueadores.

PORQUE existem poucos edifícios históricos e monumentos na África subsaariana!


Os têxteis congoleses superam em matéria de panos. Vários escritores europeus dos séculos 16 e 17 descreveram as artes delicadas dos povos vivendo no Congo leste e regiões adjacentes, que teciam adamascados, sedas, cetins, tafetás, tecidos delicados e veludos. O Professor DeGraft-Johnson fez a seguinte observação: “Seus brocados, altos e baixos, eram bem mais valiosos que os italianos.”
Sobre a metalurgia congolesa da idade média, disse um acadêmico moderno: “Não há dúvida … a existência de uma arte metalúrgica especializada no antigo Congo… Os Bakongo tinham consciência da toxidade dos vapores de chumbo. Eles tinham métodos preventivos e curativos, tanto farmacológicos (doses massivas de papaia, óleo de palma) quanto mecânicos (exercer pressão para libertar o tubo digestivo), de combate ao envenenamento pelo chumbo.”
Na Nigéria, o palácio real na cidade de Kano data do século 15. Fundado por Muhammad Rumfa (governou de 1463 a 1499) evoluiu gradualmente ao longo das gerações se tornando num complexo imponente. Um relatório colonial de 1902 sobre a cidade, descreveu-a como “uma rede de edifícios cobrindo uma área de 33 acres rodeada de uma muralha com entre 6 e 9 metros de altura do lado exterior, e cerca de 4,5 do lado interior… uma boa cidadela”.
Um viajante do século 16 visitou a civilização da África central de Kanem-Borno e comentou que a cavalaria do imperador tinha “estribos, esporas, acessórios e fivelas” de ouro. Até os cães do governante possuíam “correntes do mais fino ouro”.
Uma das posições governamentais no Kanem-Borno medieval era Astrônomo Real.
Ngazargamu, a capital do Kanem-Borno, era uma das maiores cidades do mundo no século 17. Em 1658 d.C., de acordo com um acadêmico de arquitetura, a cidade tinha “cerca de um quarto de milhão de pessoas”. Possuía 660 ruas. Muitas eram largas e direitas, consequência da existência de planejamento urbano.
A cidade nigeriana de Surame floresceu no século 16. Mesmo em ruínas era uma visão impressionante, construída em grelha horizontal e vertical. Um acadêmico moderno descreveu assim a cidade: “As muralhas de Surame têm 16 quilômetros de circunferência e incluem muitos bastiões ou subúrbios muralhados que começam em ângulos retos na muralha principal. O edifício maior em Kanta ainda é visível do centro, no meio das ruínas de muitos outros edifícios, um dos quais dizem ter tido dois pisos. O aspecto mais impressionante das muralhas e ruínas é a grande utilização de pedra e tsokuwa (cascalho laterítico) ou de barro vermelho, que obviamente foi trazido de um lugar distante. Existe um morro deste material, com mais de 2 metros de altura perto do portão norte. Os muros são feitos de alvenaria regular com cerca de 6 metros de altura e até mais em alguns pontos. A parte mais bem conservada é a que é conhecida como (a ponte) situada um pouco a norte do portão oriental… As muralhas principais da cidade aparentam ter fornecido uma entrada principal bem guardada com cerca de 9 metros de largura.”
Em 1851, a cidade nigeriana de Kano produzia uma média por ano de 10 milhões de pares de sandálias e 5 milhões de couros para exportação.
Em 1246 d.C., Dunama II do Kanem-Borno trocou embaixadas com Al-Mustansir, rei de Tunes. Mandou à corte norte africana um presente caro que incluía uma girafa. Uma velha crônica conta que o raro animal “causou grande sensação em Tunes”.
Na África do Sul, existem pelo menos 600 ruínas de edifícios de pedra, nas regiões do Zimbábue, Moçambique e África do Sul. Essas ruínas pertenciam a Mazimbabwe em Shona, que na língua Bantu dos construtores quer dizer grande casa respeitada, equivalendo à corte.
O Grande Zimbábue era a maior dessas ruínas. Com 12 conjuntos de edifícios, abrangia mais de 7 quilômetros quadrados. A muralha exterior foi construída com 100,000 toneladas de tijolos de granito. No século 14, a cidade tinha 18,000 habitantes, podendo ser comparada em números à cidade de Londres na mesma época.
Existia uma cultura de ostentação na região. A última vez que visitamos o Museu Horniman em Londres vimos vários suportes de cabeça em exposição com a seguinte legenda: “Suportes para cabeça são usados na África desde o tempo dos faraós egípcios. Restos de alguns suportes para cabeça, que já tinham sido folheados de ouro foram encontrados nas ruínas do Grande Zimbábue e em túmulos como o de Mapungubwe que data do século 12 d.C.”
Sobre a cultura da ostentação, um visitante do século 17 ao império de Monomotapa que dominava esta vasta região, disse o seguinte: “O povo se veste de diversas formas: nas cortes dos reis, seus adjuntos vestem roupas de seda, adamascados, cetim, tecidos de ouro e sedas; existem 3 tamanhos de cetim cada um com quatro côvados [2.64m], cosidos entre si, por vezes com tiras de ouro, decorado dos dois lados como uma carpete, com uma franja de ouro e seda cosida com um laço de dois dedos e tecida com rosas douradas sobre seda.”
Aparentemente, o palácio real de Monomotapan no Monte Fura tinha candelabros de teto. Um livro de geografia do século 18 deu a data: “O interior consiste de grande variedade de apartamentos suntuosos, áreas espaçosas e elevadas, todas decoradas com magníficas tapeçarias de algodão, a manufatura do país. O chão, teto [sic], traves e vigas são todos revestidos de ouro, curiosamente ornamentados, assim como os tronos, mesas, bancos e companhia. Candelabros e ramais feitos de marfim incrustado a ouro, pendurados no texto com correntes feitas do mesmo metal ou de prata.”
Monomotapa tinha um sistema de segurança social. Antonio Bocarro, um português contemporâneo, informa que o imperador mostrava grande caridade com os cegos e os aleijados, que eram chamados de pobres do rei, tendo terras e rendas para sua subsistência, e quando fosse necessário circularem pelos reinos, onde fossem recebiam comida e bebida financiada com dinheiro público onde permanecessem, e quando viajassem receberiam o que precisassem para a viagem, e um guia e alguém para carregar sua carteira até chegarem ao novo destino. Onde quer que fossem essas obrigações existiam.
Em 1571 forças portuguesas invadiram Munhumutapa, dando inicio à destruição daquele lugar. Em 1629, o Imperador Mavhura torna-se o capacho dos portugueses no governo de Munhumutapa.
Registros chineses do século 15 d.C. observam que Mogadishu tinha casas com “quatro e cinco andares”.
“Gedi, perto da costa do Quênia, é uma das cidades fantasma da África oriental. Suas ruínas datam dos séculos 14 e 15, incluindo as muralhas, o palácio, casas particulares, a Grande Mesquita, sete mesquitas menores, e três mausoléus.
A mesquita em ruínas na cidade queniana de Gedi tinha um purificador de água de calcário para reciclar água.
O palácio na cidade queniana de Gedi é prova da existência de água canalizada controlada por torneiras. Possui também banheiros e toaletes no interior.
Um visitante em 1331 d.C. considerava de grande qualidade a cidade de Kilwa na Tanzania. Escreveu que era “a cidade principal da costa e que a maioria dos habitantes eram Zanj, um povo de pele muito negra.” Mais tarde ele disse: “Kilwa é uma das cidades mais belas e bem construídas do mundo. O todo é muito elegante.”
A cultura de ostentação existia já nos primórdios da Tanzânia. Um cronista português do século 16 escreveu que: “Eles se vestem com finura em ricas vestes de seda e algodão, e as mulheres também; e ainda com muitas correntes de ouro e prata e pulseiras, que usam nas pernas e nos braços, e com muitos brincos nas orelhas”.
Em 1961, um arqueólogo britânico encontrou as ruínas de Husuni Kubwa, o palácio real na cidade de Kilwa na Tanzania. Tinha mais de cem quartos, incluindo uma recepção, galerias, pátios, terraços e uma piscina octogonal.
As estruturas Bamilike dos Camarões são de uma delicadeza e beleza arquitetônicas impressionante. As escrituras Bamum e Shomum dos Camarões são semelhantes à da Etiópia. Existem cerca de 7000 manuscritos Bamum antigos e o Palácio Bamum ainda está perfeitamente preservado[i].”
Como as fontes acima descrevem, o continente estava cheio de monumentos. Onde estão?
A triste verdade é que os invasores europeus destruíram a maior parte fosse com ações punitivas ou sob a lei ‘Terra Nullius’ de partilha da África.
Durante a partilha de África pelos europeus, a principal forma de provar que uma terra estava qualificada para colonização ou dominação, era declará-la ‘Terra Nullius”, uma expressão Latina derivada da lei romana que significa “terra de ninguém”, usada em direito internacional para descrever território que nunca foi submetido à soberania de nenhum estado, ou sobre o qual nunca se exprimiu ou transferiu implicitamente nenhuma soberania. Soberania sobre território que é terra nullius pode ser adquirida através de ocupação”[ii].
Muitas ilhas foram adquiridas dessa forma onde era fácil matar populações reduzidas e provar com facilidade que a terra estava vazia antes da chegada dos poderes coloniais.
Mas cedo, os poderes coloniais começaram a ter dificuldades em encontrar “terras de ninguém”. África não era Terra Nullius. Consequentemente, a lei terra nullius foi alterada para tornar-se terra habitada por selvagens e não civilizada.
Cedo também, o poder colonial percebeu ser difícil provar que a África era uma terra de selvagens e gente não civilizada. Ao contrário, encontraram rainhados e reinados com palácios grandiosos e normas sociais e políticas bem desenvolvidas.
Assim, o poder colonial teve de destruir qualquer sinal de civilização.
A partir daí, o poder colonial gastou muita energia para destruir e queimar monumentos e edifícios históricos africanos, chacinando a elite africana de engenheiros, cientistas, artesãos, escritores, filósofos, etc.
Existe um museu em Paris com 18 000 cabeças humanas de gente chacinada pelas tropas e missionários coloniais franceses. Chama-se “Museu de História Natural de Paris”.


Entre as cabeças estão as de chefes africanos, suas famílias, engenheiros, escritores, militares, lideres espirituais, e também cidadãos comuns, homens, mulheres e crianças, que os franceses achassem fora do comum, ou suficientemente exóticos e interessantes para matar e encher seu museu de história natural, onde habitualmente se expunham crânios de animais representativos da biodiversidade e da evolução.
A França não era a única entre os competidores europeus querendo decepar o máximo de variedade de gente exótica. Os crânios e cabeças de muitos africanos ainda se encontram em museus e outros locais por toda a Europa.
Outra consequência da lei Terra Nullius definida como uma terra habitada por selvagens, levou à captura de africanos para exibir em zoos e eventos públicos por toda a Europa, em condições primitivas, para demonstrar a inferioridade e barbarismo dos povos africanos.

 

PORQUE existem poucos edifícios históricos e monumentos na África subsaariana!

Até hoje, a maioria dos europeus ainda considera que os africanos são selvagens, inferiores, grotescos, e pouco inteligentes. E quanto mais um africano mostra as características que encaixam no estigma, maior a possibilidade de gostarem dele ou dela.
Africanos estúpidos são os melhores companheiros dos europeus. Um africano esperto e assertivo é algo que a maioria dos europeus não está habituado e faz qualquer coisa para rejeitar ou excluir.
Por exemplo, em Paris, o povo Soninke do Mali joga com esse estigma. Dirigem-se à administração pública francesa e fazem-se de idiotas, falando mal o francês e mostrando sinais de pouca inteligência e idiotice. De repente, o funcionário público logo acorda em si um sentimento de missão humanitária, dispondo-se a ajudar aquele africano não civilizado a tratar de seus documentos e a entender até as coisas mais simples.
Dessa forma, os Soninke conseguem frequentemente o que querem dos funcionários públicos. Eles representam mais de 50% dos africanos subsaarianos que vivem na França. Um africano que vá a um departamento de administração pública francês, com uma postura inteligente e afluente passará um mau bocado, porque a reação instintiva dos funcionários será “Quer mostrar a sua inteligência, você vai ver!”.
Por essa razão você vê muitos africanos na Europa se rebaixarem voluntariamente para ser aceites. Com os brancos, agem docilmente e são submissos, aceitando e obedecendo às ordens, mas estranhamente zangam-se e tornam-se agressivos e pedantes com os irmãos negros.
Infelizmente, nada resta de nossos ancestrais. Quando os europeus invadiram a África usaram os quatro princípios básicos de uma força invasora:
1.     Primeiro, Matar os fortes e pilhar o lugar;
2.     Segundo, Criar os fracos;
3.     Terceiro, Matar, Deportar ou Exilar os mais inteligentes e hábeis;
4.     Quarto, Impor a regra colonial de ouro “Do meu jeito ou nada”.
Os reis e seus descendentes foram todos mortos. Além disso, três séculos de escravidão transatlântica exportou 12 milhões de homens e mulheres da África para a América, além dos milhões mortos nesse processo.
Imagine o que aconteceria a qualquer país ou civilização onde quase todos os escritores, contadores de histórias, engenheiros, artesãos, artistas e líderes fossem mortos ou exilados? E se, qualquer sinal de glória e engenho passados fossem destruídos ou queimados? Seus livros e conhecimentos roubados ou destruídos?
Quem transmitiria esse conhecimento acumulado secular aos cidadãos comuns?
É essa quebra de conhecimento e liderança dos últimos três séculos que levou o continente africano inteiro à idade das trevas, e deixou o povo sem orientação.
Os nossos corajosos guerreiros e os nossos construtores de civilização desapareceram. Nossos comerciantes globais, nossos construtores de pirâmides, reinos e impérios foram extintos.
Assim, nenhuma destas gerações foi criada para fazer impérios e guerras, defender território e proteger mulheres e crianças.
Não existem mais versões modernas de corajosos guerreiros africanos e construtores de civilizações.
Quando algumas pessoas perguntam porque eles são tão pobres, a resposta é, eles não são pobres, eles foram empobrecidos.

“Sangrámos África durante quatro séculos e meio. Roubamos suas matérias primas, depois disseram-nos que eles [os africanos] não são bons para nada. Sua cultura foi destruída em nome da religião e agora, como temos de fazer as coisas com mais elegância, roubamos suas mentes com bolsas acadêmicas.Depois vemos que a África infeliz não tem uma boa condição, não gera elites. Ainda lhes damos lições depois de nos termos enriquecido nas suas costas.” Jacques Chirac, antigo presidente francês.
Hoje, se quiser ver a glória da África, vá à Europa, onde milhares e milhares de objetos roubados, artefatos de civilizações, estão em museus públicos e coleções privadas (Inglaterra, França, Alemanha, Bélgica, etc.). Se quiser ver a riqueza da África vá à Europa também onde ela está guardada em contas públicas e privadas. Cinco séculos de pilhagem e destruição deixaram um continente arrasado.
 
Como comenta PD Lawton “Do Egito ao Sudão, do Mali à Tanzânia, do Zimbábue a Moçambique, a África está cheia de testemunhos de seu passado. Em muitos casos a destruição completa das estruturas não aconteceu naturalmente, mas foi deliberada, principalmente pelo império britânico. Os museus ingleses e europeus estão cheios de objetos de pilhagem. Existem várias estruturas antigas que estão bem preservadas mas no caso de muitas cidades, palácios, templos e portos só restam registros escritos e desenhos de comerciantes e viajantes desde os tempos medievais aos últimos dias de destruição no final do século 19. Em termos de beleza, e até por vezes na arquitetura à escala das pirâmides do Egito, fraca em comparação a outras estruturas históricas da África. A diversidade arquitetônica do continente é impressionante. O uso tradicional daquilo que é chamado de escalada fragmentada em construção, demonstra uma tradição religiosa praticada em todo o continente. Escalada fragmentada é a ideia arquitetônica de Mandelbrot, onde as menores partes de uma dada estrutura se assemelham às maiores. Esta tradição cultural/religiosa foi/é praticada em todos os aspectos do cotidiano, desde a tecelagem, aos trituradores de cereais, à construção de casas e palácios, além de ser uma incorporação da própria história no dia a dia, que tenta explicar o universo e o nosso lugar nele.”[i]
Precisamos de investir tempo e recursos para reerguer nós mesmos as ruínas das nossas velhas cidades, para fortalecer a fé em uma nova geração, e na nossa capacidade de recuperação.
Já é tempo de reavivarmos na mente de uma nova geração de africanos, a verdadeira natureza dos seus ancestrais, a glória passada de seus impérios, o orgulho em seus guerreiros, conquistadores e construtores de civilizações, e fazê-la entender que cinco “Séculos de Vergonha” sob ocupação europeia termina com uma nova geração de líderes e de construtores!
Cinco séculos atrás, quando os europeus chegaram na África encontraram um povo avançado, rico, e ficaram impressionados pela abundância de natureza e a civilidade dos povos. Os europeus sentiram inveja e amargura e souberam conquistar o povo dócil, acolhedor, sem armas nem exércitos mecanizados como os seus.
Os africanos eram como o que Cristovão Colombo disse dos Ameríndios “Eles são simples e generosos com o que têm, a tal ponto que nem se acredita se não se conhecer. Tudo o que têm, se pedirmos, eles nunca dizem não, mas antes convidam a pessoa a aceitar, e mostram tanto afeto que é como darem seus corações.”
Assim, mais tarde, Colombo escreveu o que faria com aqueles índios generosos “entraremos poderosos nas suas terras, e faremos guerra de todo o jeito que podemos, e iremos submetê-los à obediência da Igreja e dos Senhores; os tomaremos e a suas esposas, suas crianças e faremos deles escravos, vendendo e dispondo deles como os senhores desejarem; e tomaremos seus bens, usando como bem entendermos, como se faz a vassalos desobedientes que se recusam a aceitar seu senhor, e resistem e o contradizem; e clamamos que as mortes e perdas que resultem disso são sua culpa, e não dos senhores, ou nossas, ou dos cavaleiros que nos acompanham…”
O destino da África a partir daí foi selado pelo maquiavélico diabo de olhos azuis. Pilharam, destruíram e queimaram tudo o que tinha valor e não podiam levar com eles.
Como vimos, “no ápice da Civilização Afrikana, havia mestria no desenvolvimento de uma alta cultura onde artes, ciências e dignidade humana tinham florescido por milhares de anos. Mas não foi desenvolvida uma solução para o problema de raiva violenta dos invasores europeus. Em nenhum lugar da África ou da América indígena. Nós e nossos descendentes teremos de resolver esse problema ou continuar sofrendo eternas reciclagens de escravidão, massacre, segundo-classismo.[ii]
Conta certa história, que quando os europeus começaram a matar escritores, artesãos, filósofos, nobres e reis africanos, um grupo de jovens aprendizes e cortesãos decidiram encontrar um lugar para esconder os livros e os manuscritos.
Em muitas partes do continente onde os europeus já tinham matado muitos escritores e filósofos, os poucos que restaram tiveram de fugir. Enquanto os europeus queimavam livros, um sábio passou alguns dos manuscritos sagrados a dois irmãos para que escondessem dos invasores.
Antes dos dois irmãos serem presos e mortos pelos selvagens, conseguiram esconder os manuscritos, dividindo-os em doze partes e dando cada, a uma dúzia de mensageiros para que levassem aos sábios de outros reinos espalhados pelo continente.
A história conta que quem achar esses manuscritos desvendará o segredo chave para o renascimento africano. Eles contêm uma mensagem codificada, embutida nas linhas, que vai abrir e iluminar o povo do continente, unindo-o a um poder ancestral exclusivamente africano.
Dizem que estes manuscritos contém o segredo que dará poder a África novamente para dominar o mundo. Virão dignitários da Europa, Ásia, América para honrar os reis africanos. O povo negro, o povo original da raça negra será o primeiro entre nações. As pessoas viajarão pelo mundo atrás da sua proteção e conhecimento.
Até agora ninguém foi bem sucedido na busca de tais manuscritos, mas é tempo de procurar esses documentos e eu me comprometo a tal durante a minha vida. Passei os últimos quinze anos nessa pesquisa, perguntando em todos os lugares.
É certo que eles existem e a minha missão é encontrá-los. Quero descobrir o nome dos irmãos, seguir o seu caminho de fuga, viajar pelas estradas dos doze mensageiros que carregaram os doze capítulos, descobrir o esconderijo dos manuscritos e descodificar a mensagem, expondo-a a quantas crianças africanas for necessário para recuperar a nossa glória ancestral e construir o nosso caminho até à grandeza.
Quanto tempo esta busca levará não sei, mas a minha determinação é completa e inabalável.
Fonte:http://www.contramare.net/site/pt/100-african-cities-destroyed-by-europeans-part-i/