Dolores
Cacuango
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Dolores Cacuango Quilo, conhecida também como Mamá
Dolores, (Cayambe, 26 de outubro de 1881 - Yanahayco, 23 de abril de 1971) foi
um ativista equatoriana, pioneira no campo da luta pelos direitos dos indígenas
e camponeses em seu país, e uma das líderes feministas equatoriana do início do
século XX, junto com Tránsito Amaguaña.
Vida
pessoal
Nascida em uma fazenda arrendada em Cayambe, na
província de Pichincha, um dos diversos assentamentos criados por jesuítas e
frades dominicanos, em 26 de outubro de 1881. Filha de Andrea Quilo e de Juan
Cacuango, camponeses, Dolores tinha apenas 14 anos quando aconteceu a Revolução
Liberal do Equador, também conhecida como Guerra Civil Equatoriana.
Dolores era descendente dos antigos caciques da
região e seu sobrenome paterno lhe dava prestígio entre os camponeses. Dois
séculos e meio depois do domínio espanhol, os camponeses ainda viviam sob
condições de escravidão e trabalhos forçados. Sua família vivia na pobreza,
junto dos outros camponeses da região, que herdara muito das referências
culturais, identidade e idioma Quíchuas. Foi nessa região e nessa fazenda onde
a família trabalhava, que Dolores construiu seu senso crítico que seria valioso
para sua luta anos mais tarde. As poucas
fotografias de Dolores a mostram com indumentária indígena completa, algo que
por si só já era um ato de extrema bravura, pois os povos nativos eram vítimas
de discriminação severa, abusos, despejos e exploração.
Luta
pelos indígenas
Dolores militou juntos os ministros da educação, em
1944, culminando com a criação da primeira Federação Equatoriana dos Índios
(FEI), com o apoio do Partido Comunista do Equador, que levou à abertura de
quatro escolas em zonas rurais, todas bilíngues, ensinando língua quíchua e
espanhol. Dolores foi a primeira presidente da federação. As escolas se
mantiveram, apesar das dificuldades e da pobreza, mas foram fechadas pela Junta
Militar em 1963, por serem consideradas foco de comunismo.
Somos como grãos de quinoa: se estamos sozinhos, o
vento nos leva; mas se estamos unidos em um saco, o vento nada faz. O saco
oscila, mas não vai nos fazer cair.
Dolores foi bastante perseguida pelos opositores à
sua luta. Viu sua casa ser incendiada, rodeada pelos filhos, suas escolas
fechadas e seu nome ser manchado por acusações de associação ao comunismo. Seu
trabalho na fazenda também a levou a defender abertamente os direitos das
mulheres, especialmente as indígenas, geralmente exploradas e maltratadas nas
fazendas e no trabalho rural
Morte
Perseguida por sua luta e discursos e a defesa da
população rural e indígena, Dolores Cacuango se isolou em seus últimos anos,
vivendo na clandestinidade e faleceu em 23 de abril de 1971.
Legado
Seu trabalho foi internacionalmente reconhecido,
tendo sido tema de uma exposição na sede da UNESCO, em homenagem do Dia
Internacional da Mulher. Várias escolas, organizações não-governamentais e
centros universitários foram criados, como a Escola de Formação de Mulheres
Líderes Indígenas.