sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Lampião, o Rei do Cangaço


Obs.: Lampião, o Rei do Cangaço reúne as imagens registradas pelo mascate Benjamin Abrahão, entre 1936 e 1937, e que miraculosamente sobreviveram à censura e depois ao tempo. O cinegrafista é o paisana que aparece algumas vezes. O filme não tem música, nem entrevistas pois não havia som direto.
O cangaço


O sertão do nordeste brasileiro tem sofrido poucas alterações ao longo do tempo, tanto no aspecto climático quanto no social. Desde a segunda metade do século passado até o começo deste, a contestação à pobreza e às péssimas condições de vida tem rendido movimentos populares e muitas dores de cabeça para os donos do poder local e para a administração oficial, em especial para o governo federal, geralmente omisso e fazendo seu jogo político.
Várias rebeliões aconteceram, causadas pela exploração da mão-de-obra do sertanejo desalojado de suas terras pela seca e pelos grandes latifundiários, além de submetido a regimes de trabalho praticamente escravo. Essas rebeliões disseminaram-se pelo agreste, alimentadas pelo número cada vez maior de flagelados.

Movimentos populares como Canudos, Contestado, Caldeirão e tantos outros surgiram com maior foco de resistência e vigor no próprio nordeste. Foram símbolos da resistência ao poder centralizador dos donos de terras que, numa análise realista, eram e são verdadeiros senhores feudais.
Sem outras alternativas e sabendo que esse estado de coisas continuaria os grupos de rebeldes procuraram em si mesmos os meios para tentar mudanças, instigados pelo analfabetismo, pela fome, pela falta de futuro melhor, pelos anos sucessivos de seca, pelo descaso das autoridades e pela participação, muitas vezes infeliz, da Igreja Católica.

O sertão é, por natureza, adverso ao homem que ali tenta viver. O sertanejo nordestino e sua terra eram e continuam sendo um só todo. Tirar a terra do sertanejo é matá-lo. Tirar o sertanejo da terra é condená-lo a uma existência tão diferente do que lhe é próprio e natural que chega a ser irreal.
Existem meios técnicos e científicos para modificar o ambiente hostil em que vive o nordestino, para propiciar-lhe melhores meios de subsistência. Mas, aplicados esses métodos e mudadas as circunstâncias, provavelmente diminuiria ou acabaria a miséria, facilitando o ajustamento do homem à região de maneira mais confortável, o que parece não interessar aos que tiram proveito da situação vigente.

O flagelo das secas e a cegueira dos homens que dominam o poder continuam, ainda hoje, a provocar a alma do homem nordestino, deixando-o absurda e vergonhosamente entregue à própria sorte, vagando de canto a canto do sertão até ser despejado nos centros urbanos mais prósperos, tornando-se um marginal na verdadeira acepção do termo. Seres humanos que poderiam ser bem mais produtivos em seu próprio meio natural, além de participantes mais ativos da sociedade, são colocados à sua margem.
O fenômeno das secas continua o mesmo há quatrocentos anos. O tratamento recebido pelo homem nordestino não se diferencia hoje, em quase nada, daquele existente por ocasião dos movimentos populares de rebelião contra os senhores feudais. Suas chances de sobrevivência não dependem apenas dele, mas também, e principalmente, do que lhe dão e do que lhe permitem ter.
Quando a morte passa a ser sua companhia diária o homem reage. Alguns se entregam ao desespero, à passividade e ao desalento. Outros, de índole mais agressiva, revoltam-se e pegam em armas. Os que não têm nada querem alguma coisa; os que têm pouco querem mais, muito mais, pois o coronel está séculos à sua frente.

A índole do nordestino é, normalmente, humilde, pacífica e cordata. É um sujeito bonachão, alegre e divertido, embora duro e rude em suas maneiras. Mas quando resolve dizer não, o nordestino vira leão e grita sua revolta na cara da minoria opressora.

As causas do surgimento do cangaço foram de natureza variada. A pobreza, a falta de esperanças e a revolta não foram as únicas. Isso é mais que certo. Mas foram estas circunstâncias as mais importantes para que começassem a surgir os cangaceiros. Muitos, como dissemos, eram pequenos proprietários, mas mesmo assim tinham que se sujeitar aos coronéis. Do meio do povo sertanejo rude e maltratado surgiram os cangaceiros mais convictos de que lutavam pela sobrevivência.

- Se não me dão os meios de conseguir, eu tomo. - pareciam dizer.
Virgolino Ferreira era um trabalhador. Do tratamento duro e injusto que o trabalhador Virgolino Ferreira e sua família receberam surgiu Lampião, o "Rei do Cangaço".

Lampião nunca foi um líder de rebeliões ou um ídolo que servisse para a formação de camponeses revoltados. Política nunca foi parte de sua vida. Mas as populações humilhadas e ofendidas viam em Lampião um exemplo, naquele meio termo entre temer o que ele era e querer ser igual a ele, quase a justificar sua existência de bandoleiro errante.

Lampião subverteu a ordem imposta, mesmo que não fosse esse seu objetivo. Latifúndios que, durante décadas e até mesmo séculos imaginavam-se intocáveis, sentiram o peso de sua presença e o terror das consequências do não atendimento de suas exigências.

O caminho que Lampião traçou nas sendas da Bahia, Sergipe, Pernambuco, Alagoas, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte, hoje claramente observado nos mapas e na memória viva da história do cangaço, praticamente não foi alterado nos últimos 60 anos. E pouco, talvez nada, será alterado durante os próximos 60 anos ou mais.

Onde lutou Lampião ainda estão, nos dias de hoje, as sobras da subserviência, a presença maciça da ignorância, a exploração dos pequenos e dos humildes. E, de forma geral, também a indiferença nacional continua a mesma.
A economia brasileira progrediu, mas esse progresso deixou de lado a estrutura caótica e ultrapassada das distâncias sertanejas.

Existem dois países neste nosso Brasil: um mantém a mesma ordem, a mesma estrutura e os mesmos vícios do passado; o outro caminha para o progresso, modificando-se e modernizando-se, seguindo os modelos apresentados por outras nações.

No norte-nordeste até a imagem física das localidades permanece quase a mesma do século passado. Quase nada mudou desde os tempos em que Lampião decidiu que não seria mais o trabalhador Virgolino Ferreira, já que não valia a pena. E o pouco de paciência que tivera se acabara por causa dos abusos.

Se quase nada mudou, se as circunstâncias continuam as mesmas, podemos concluir que o terreno que gerou Lampião ainda está lá, esperando novas sementes. Se existe alguma germinando, neste exato momento, é difícil saber.
Talvez alguns prefiram não pensar a respeito.

O cangaço surgiu e desenvolveu-se na região semi-árida do nordeste brasileiro, no império da caatinga, nome que significa "mata branca". Não é uma área pequena, cobrindo cerca de 700 mil quilômetros quadrados.

Na caatinga existe um único rio perene, o São Francisco, o velho Chico, tão conhecido por todos. Os outros rios secam e desaparecem durante a época da estiagem, quando os únicos a não sofrer são os coronéis, muitos deles transformados, atualmente, em políticos. Se mudaram a roupagem, não mudaram os hábitos, e continuam, de maneira geral, procurando tirar o máximo proveito possível da situação.

Nos leitos dos rios secos, durante o período de nossa história, que vai de 1900 a 1940, os sertanejos cavavam cacimbas, procurando o pouco de água que ainda restava. Ainda hoje, em muito lugares, essa é uma das poucas formas de se conseguir alguma água, mesmo de má qualidade. Outra maneira era cavar à procura da raiz de uma árvore chamada umbu, extraí-la da terra e espremê-la até obter um pouco de líquido com as mesmas qualidades da água. Os cangaceiros utilizavam-se muito desta última forma de conseguir "água".
Os sertões de Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe serviram de palco para o drama que envolveu milhares de nordestinos, apesar de existirem, em meio à aridez da região, verdadeiros oásis. Em Pernambuco, por exemplo, está Triunfo, a 1180 metros acima do nível do mar, onde existe uma cachoeira de 60 metros de altura. A temperatura chega a cair, durante a noite, a 5 graus, e existem árvores frutíferas em abundância. No sertão do Cariri, no Ceará, há uma região coberta de mata, formando uma floresta tropical com árvores de até 40 metros de altura. Outros exemplos de locais de clima ameno são Garanhuns e a região de Serra Negra, no município de Floresta, ambos em Pernambuco.
Já de aspecto completamente oposto, o Raso da Catarina e a região de Canudos são pontos em que a natureza aprimorou-se em deixar a terra nua e sáfara, totalmente árida.

A fauna nordestina varia dependendo do tipo de clima.
Quando Lampião andava por aqueles sertões, ali existiam onças pintadas, suçuaranas, onças pretas, veados e tipos variados de serpentes, como jararacas, jibóias, cascavéis, etc. O gavião carcará é um dos mais conhecidos habitantes dos sertões, assim como diversas espécies de lagartos. Papagaios, periquitos, canários, juritis, azulões, anus pretos e emas eram também numerosos naquela época. À beira do Rio São Francisco encontrávamos jacarés guaçú, pipira, tinga, o de papo amarelo, etc.

Hoje é uma outra história, pois o homem teima em destruir a natureza.
Todos os personagens mencionados até agora foram muito importantes na história do cangaço e, direta ou indiretamente, participantes da formação e da vida de Lampião. No entanto as principais figuras da saga do cangaço eram os próprios cangaceiros, inúmeros e de personalidades distintas entre si.
Os grupos e subgrupos formados pelos cangaceiros existiam em grande quantidade. Era habitual que depois de participar de um agrupamento durante algum tempo o indivíduo se sentisse apto a ter seu próprio bando. No momento em que achava que estava preparado para ter sua própria organização ele se dirigia a seu líder e expunha seus planos. Geralmente não havia nenhum problema. O mais comum era encontrar respaldo em seu chefe que, por sua vez, sabia que, no futuro, se necessário, poderia contar com a ajuda desse seu ex-subalterno.

Dessa forma os grupos iam se subdividindo ou se reagrupando, num contínuo e alternado processo de divisão e crescimento. Assim surgiam os numerosos líderes de bandos, tantos que a maioria teve seus nomes esquecidos pela história. Muitos, entretanto, tornaram-se conhecidos, eseus nomes serão lembrados sempre que se falar em cangaço.

Cabeleira
Era o nome pelo qual José Gomes tornou-se conhecido. Nasceu em 1751, em Glória do Goitá, Pernambuco.
Lucas da Feira
Assim era conhecido Lucas Evangelista, por haver nascido em Feira de Santana, Bahia. Lucas da Feira nasceu em 18 de outubro de 1807.
Jesuíno Brilhante
A data de nascimento deste cangaceiro é objeto de muitas controvérsias. Dizem uns que ele nasceu em 02 de janeiro de 1844, outros que foi em março de 1844. Seu nome de batismo era Jesuíno Alves de Melo Calado.
Adolfo Meia Noite
Sabe-se que nasceu em Afogados da Ingazeira, sertão do Pajeú de Flores, em Pernambuco, em data indeterminada.
Antonio Silvino
Nascido na Serra da Colônia, em Pernambuco, no dia 02 de novembro de 1875, foi batizado como Manoel Batista de Moraes.
Sinhô Pereira
Sebastião Pereira da Silva, conhecido como Sinhô Pereira, nasceu em 20 de janeiro de 1896, em Pernambuco. Sinhô Pereira foi o único chefe de Lampião antes deste ter o seu próprio grupo.
Lampião
Como vimos, vários cangaceiros tiveram seus nomes gravados pela história, mas nenhum deles destacou-se tanto quanto Lampião.

Seu nome de batismo era Virgulino Ferreira da Silva.
Lampião, ao contrário do que muita gente pensa, não foi o primeiro cangaceiro, mas foi, praticamente, o último. Sem dúvida nenhuma foi o mais importante e o mais famoso de todos. Seu nome e seus feitos chegaram a todos os recantos de nosso país e até ao exterior, sendo objeto de reportagens da imprensa internacional.

Até o advento de Lampião, como passou a ser conhecido a partir de certo momento de sua vida, o cangaço era apenas um fenômeno regional, limitado ao nordeste do Brasil. O restante do país não se incomodava com o que não lhe dizia respeito. Mas a presença de Lampião, sua ousadia e seu destemor, fizeram do cangaceiro uma figura de destaque nos noticiários diários do país inteiro, exigindo atenção cada vez maior por parte das autoridades, que se sentiram publicamente desafiadas a liquidá-lo.
Passou a ser uma questão de honra acabar com Lampião e, por via de conseqüência, com o cangaço. 

Lampião

Aqui se conta a história de Lampião, o famoso capitão Virgulino Ferreira, também conhecido como o "Rei do Cangaço". Não toda ela, pois não é fácil abranger de forma completa a saga de um brasileiro que pode ser equiparado, em fama e feitos, aos famosos personagens do velho oeste americano. Para facilitar o entendimento, ainda que parcial, é necessário situar a história e seu personagem principal no meio físico em que nasceu, viveu e morreu.
Descrever o nordeste, por onde andou Lampião, sem entrar na costumeira lista de nomes de vegetais, tipos de solo e outros detalhes semelhantes, é uma tarefa ingrata. Resultaria desnecessária para quem já conhece a região e incompleta para quem nunca esteve lá.

Embora aparentemente agreste o nordeste é de natureza rica e variada. Ou talvez seja melhor dizer que é um misto de riqueza e pobreza, com imensa quantidade de espécies em sua fauna e flora, embora de clima seco durante a maior parte do ano. Chove muito pouco, o chão é seco e poeirento. A vegetação é rasa e, na maior parte do ano, de cor cinza. De vez em quando surgem árvores cheias de galhos, também secos, frequentemente cobertos de espinhos que, se tocarem a pele, ferem. Raramente se encontra um local onde haja água, mas onde ela se apresenta a vegetação é muito mais verde, apesar de não radicalmente diferente de no restante da região. Saindo da planície e subindo para as partes mais altas, atingindo as serras e os serrotes, o ar tornar-se mais frio e as pedras desenham a paisagem.

Não há estradas, só caminhos, abertos e mantidos como trilhas identificáveis pela passagem dos que por ali circulam, geralmente a pé.
Em breves palavras, esse era o ambiente em que Virgulino Ferreira passou toda sua vida. Pode-se dizer que muito pouco mudou desde então.

LAMPIÃO E SUA HISTÓRIA
Versos de Gonçalo Ferreira da Silva, do cordel "Lampião - O Capitão do Cangaço":
O século passado estava
dando sinais de cansaço,
José e Maria presos
por matrimonial laço
em breve seriam pais
do grande rei do cangaço.
No dia quatro de junho
de noventa e oito, a pino
estava o Sol, e Maria
dava à luz um menino
que receberia o nome
singular de Virgulino.


A família
Virgolino Ferreira da Silva era o terceiro dos muitos filhos de José Ferreira da Silva e de Maria Lopes. Nasceu em 1898, como consta em sua certidão de batismo, e não em 1897, como citado de várias obras.

A família Ferreira formou-se na seguinte sequência, por datas de nascimento:
1895 - Antonio Ferreira dos Santos
1896 - Livino Ferreira da Silva
1898 - Virgulino Ferreira da Silva
???? - Virtuosa Ferreira
1902 - João Ferreira dos Santos
???? - Angélica Ferreira
1908 - Ezequiel Ferreira
1910 - Maria Ferreira (conhecida como Mocinha)
1912 - Anália Ferreira

Todos os filhos do casal nasceram no sítio Passagem das Pedras, pedaço de terras desmembrado da fazenda Ingazeira, às margens do Riacho São Domingos, no município de Vila Bela, atualmente Serra Talhada, no Estado de Pernambuco.

Esse sítio ficava a uns 200 metros da casa de dona Jacosa Vieira do Nascimento e Manoel Pedro Lopes, avós maternos de Virgulino. Por causa dessa proximidade Virgulino residiu com eles durante grande parte de sua infância. Seus avós paternos eram Antonio Ferreira dos Santos Barros e Maria Francisca da Chaga, que residiam no sítio Baixa Verde, na região de Triunfo, em Pernambuco.
A infância de Virgulino transcorreu normalmente, em nada diferente das outras crianças que com ele conviviam. Todas as informações disponíveis levam a crer que as brincadeiras de Virgulino com seus irmãos e amigos de infância eram
nadar no Riacho São Domingos e atirar com o bodoque,
um arco para bolas de barro. Também brincavam de cangaceiros e volantes, como todos os outros meninos da época, imitando, na fantasia, a realidade do que viam à sua volta, "enfrentando-se" na caatinga. Em outras palavras, brincavam de "mocinho e bandido", como faziam as crianças nas outras regiões mais desenvolvidas do país.

Foi alfabetizado por Domingos Soriano e Justino de Nenéu, juntamente com outros meninos. Freqüentou as aulas por apenas três meses, tempo suficiente para que aprendesse as primeiras letras e pudesse, pelo menos, escrever e responder cartas, o que já era mais instrução do que muitos conseguiam durante toda sua vida, naquelas circunstâncias.

O sustento da família vinha do criatório e da roça em que trabalhavam seu pai e os irmãos mais velhos, e da almocrevaria. O trabalho de almocreve estava mais a cargo de Livino e de Virgolino, e consistia em transportar mercadorias de terceiros no lombo de uma tropa de burros de propriedade da família.

Os trajetos variavam bastante, mas de forma geral iniciavam-se no ponto final da Great Western, estrada de ferro que ligava Recife a Rio Branco, hoje chamada Arcoverde, em Pernambuco. Ali recolhiam as mercadorias a serem distribuídas pelos locais designados por seus contratantes, em diversas vilas e lugarejos do sertão. Esse conhecimento precoce dos caminhos do sertão foi, sem dúvida, muito valioso para o cangaceiro Lampião, alguns anos mais tarde.
Por duas vezes Virgolino acompanhou a tropa até o sertão da Bahia, mais exatamente até as cidades de Uauá e Monte Santo. Nesta última havia um depósito de peles de caprinos que eram, de tempos em tempos, enviadas pelo responsável, Salustiano de Andrade, para a Pedra de Delmiro, em Alagoas, para processamento e exportação para a Europa.

Esta informação nos foi prestada por dona Maria Corrêa, residente em Monte Santo, Bahia. Dona Maria Corrêa, mais conhecida como Maria do Lúcio, exercia a profissão de parteira e declarou-nos que, quando jovem, conheceu Virgulino Ferreira durante uma de suas visitas ao depósito de peles.
Como curiosidade e melhor identificação, dona Maria Corrêa é a parteira que foi condecorada pelo então presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira ao completar mil partos realizados com sucesso.

É bom frisar que as peles caprinas não eram compradas pelos Ferreira, apenas transportadas por eles, num serviço semelhante ao do frete rodoviário dos dias atuais.

Em quase todas suas viagens os irmãos tinham a companhia de Zé Dandão, indivíduo que conviveu durante muito tempo com a família Ferreira.
Nossas pesquisas na região comprovaram, através de diversos depoimentos pessoais, que José Ferreira, o patriarca da família, era pessoa pacata, trabalhadora, ordeira e de ótima índole, do tipo que evita ao máximo qualquer desentendimento.

Esses depoimentos positivos merecem especial atenção e ainda maior credibilidade por terem sido prestados por pessoas inimigas da família. Apesar da inimizade preferiram contar a verdade a denegrir gratuitamente o nome de José Ferreira.

A mãe de Virgulino já era um pouco diferente, mais realista em relação ao ambiente em que viviam. De maneira geral todos os entrevistados declararam que José Ferreira desarmava os filhos na porta da frente e dona Maria os armava na porta de trás dizendo:
- Filho meu não é para ser guardado no caritó. Não criei filho para ser desmoralizado.
  
Fonte: http://usuarioweb.infonet.com.br/~LAMPIAO/cangaceiro.htm
https://www.facebook.com/531448996971779/videos/826735070776502/

Nenhum comentário:

Postar um comentário